Sorriso largo...

domingo, 29 de outubro de 2023

LENÇÓIS MARANHENSES - fragmentos de uma lenda

 


Finalmente saiu do forno este folheto que traz uma história Que atravessa os séculos e que marca tanto o imaginário popular, especialmente do povo maranhense. Espero que possam apreciar.

Fotos:  Rosário Pinto
Apresentação: Dalinha Catunda
Xilogravura: Nireuda Longobardi

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

7 DE SETEMBRO DE 1822, a Independência, aconteceu?

 Neste 7 de setembro de 2023, manifesto minhas dúvidas sobre a data, publico o poema "7 de Setembro de 1822, a Independência, aconteceu?", publicado no livro "A independência do Brasil em cordel, 200 anos de fatos que marcaram a história", 2023, organização de Fernando Assumpção/Associação de Amigos da Literatura de Cordel - AMO CORDEL. - uma releitura sob a ótica de poetas/isas populares.



7 DE SETEMBRO DE 1822,
a Independência, aconteceu?
1
Dia vinte e dois de abril,
Daquele mil e quinhentos,
Que por aqui chegaram
Os portugueses sedentos,
Por descobrir terras novas,
Acossados pelos ventos.
2
Em expedições marítimas,
Então estes navegadores,
Enfim, aqui chegaram.
Em meio a muitos rumores,
O termo “descobridores”,
Discutido com rigores.
3
O termo “descobrimento”,
Sempre foi questionado.
Havia os originários
Já de outros tempos datado.
"Chegada dos portugueses"
É termo melhor grafado.
4
Em mil oitocentos e oito
Foi que aqui a Corte chegou.
Veio fugida de guerra.
Logo ao Brasil subjugou.
Usurpando nossas casas.
E ao índio escravizou.
5
No período Joanino,
Se deu a modernização.
Elevado a Reino Unido,
Assim, se fez a junção.
E a Revolução do Porto
E a volta de Dom João.
6
Dom Pedro feito Regente
Fez grandes transformações
Dentre elas, a construção,
Sob suas concepções,
Criar um Império Brasileiro,
Face às insatisfações.
7
Câmaras fizeram pleito
Para as Cortes, eleição.
Mantinham-se, assim fiéis
Leais sem qualquer senão.
Firmaram seus pensamentos:
De Não à separação!
8
Não sei se houve a liberdade,
Talvez, quem sabe foi a morte.
Esta nossa Independência,
Não caminhou em boa sorte.
Os estados do Nordeste
Não assumiram o recorte...
9
O Sete de Setembro (1822)
De nada significou.
E tão pouco a Aclamação,
No Nordeste, não colou.
E foi em Doze de Outubro, (1822)
Que o impasse se instaurou.
10
Assim, então, cresceu o “embrolho”.
No ano de vinte e cinco (1825)
Dom João reconheceu,
Só entre tramelas e trinco,
Mas ainda pela metade,
E do Brasil levou os brincos.
11
Determinou para si
Título de Imperador
Do Brasil e Portugal.
Só aumentando o clamor.
Registrou tudo em Cartório.
E foi sem qualquer pudor.
12
O Rei Dom João era esperto,
Nesta ação familiar.
O impasse permaneceu.
E que só veio a cessar,
Na data da Abdicação.
E tivemos que esperar...
13
Dom Pedro viveu divido,
Entre Brasil e Portugal.
Era homem de dois mundos:
Absoluto e Liberal,
E, foi Europeu e Americano.
E de nenhum teve o aval.
14
Pois, sua biografia
Foi muito depreciada.
Só com Otávio Tarquínio,
Ela foi recuperada.
Somente na sua morte,
Teve a vontade acatada.
15
Com os ossos no Brasil
E o seu coração no Porto,
Numa existência dual.
Nem mesmo depois de morto,
Seus restos tiveram paz,
Não conheceu reconforto!
16
Em nossos livros didáticos
Esta controversa história,
Não faz parte das Escolas.
Não há registro, nem memória
É por isto que repito:
História contraditória!
17
Por tantas idas e vindas,
Os percalços dessa história
Ficaram sempre marcados
Bem fundo em nossa memória.
Até hoje não sabemos,
Se no Grito houve vitória.
18
Desde o início que o Brasil,
É feito por predadores.
É um país violento,
Desde os colonizadores
Submetendo os povos,
Espoliando valores.
19
Entram e saem governos,
Cada qual o mais sangrento.
A marca do extrativismo
Das florestas, cem por cento.
O povo passando fome:
População ao relento.
20
Ciclos vão se repetindo.
Pois, hoje são os garimpeiros,
A invadirem as florestas.
Há também os madeireiros.
Antes foram Bandeirantes
Todos eles embusteiros.
21
E no século vinte e um,
A mesma luta sangrenta,
Matando os desiguais.
E o povo já não aguenta,
O crime banalizado,
Nesta guerra tão cru nojenta.
22
O Brasil, ainda sem rumo,
A barbárie nos assola
Mais de quinhentos anos
Vivendo sob a pistola.
Morrem velhos e crianças,
E não saímos da bitola.
23
Pelo que a história nos diz,
Pelo tanto que vivemos,
Não queremos repetir,
Tantos erros que tivemos.
Dias de medo e de dor.
Vivendo sempre em extremos.
24
Estou mesmo a matutar,
Nestes versos ora lidos.
Pensando no que seriam,
Aqueles tempos vividos.
Essa Tal Independência
Não foi somente aparência?
Foram apenas mugidos?
(Rosário Pinto)
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segunda-feira, 6 de março de 2023

TRIBUTO À MULHER - 08 MARÇO 2023

 À CORA, CORALINA e todas as mulheres poetisas e cordelistas – toda a beleza lírica de Cora Coralina fica evidente no poema A PROCURA.

“Andei pelos caminhos da VIDA.
Caminhei pelas ruas do DESTINO
procurando meu signo.
Bati na porta da FORTUNA,
mandou dizer que não estava.
Bati na porta da FAMA,
falou que não podia atender.
Procurei a casa da FELICIDADE,
a vizinha da frente me informou
que ela tinha se mudado,
sem deixar novo endereço.
Procurei a morada da FORTALEZA.
Ela me fez entrar: deu-me veste nova,
perfumou-me os cabelos,
fez-me beber de seu vinho.
Acertei o meu caminho. ”
(Cora Coralina)
Nossa linda Coralina,
Que marcou nossa existência
Para mim é referência
Ela comigo se afina
Delicadeza tão fina
Adoçando a nossa alma
Sem nunca perder a calma
A fazer doce no tacho
Ou a lavar roupa em riacho
Sua poesia acalma.
(Rosário Pinto)
São muitas as poetisas na literatura de cordel atualmente. E elas estão por aqui, por aí e acolá: nas páginas das redes sociais, em youtubers, em blogs específicos e autorais e, em outros cantos e recantos da cultura popular. Também buscam a inspiração das musas, haja visto serem elas próprias “poetisas de musa cheia”. Navegam por todas essas redes virtuais com muita desenvoltura.
“Divina musa! inspirai-me,
Para narrar uma história
Que, os menestréis me contaram.
Mulheres de amor e glória,
Ilustraram os romances
De beleza e vitória.”
*
Meus poetas cordelistas
Hoje, venho vos narrar,
As histórias do passado,
De princesas vou falar,
Vivendo encasteladas,
Querendo o amor desfrutar
*
Nosso mundo evolui
Hoje a mulher determina
Que norte dará à vida
Mesmo sendo nordestina
Não carrega o estigma
Daquela pobre menina.
*
Hoje ela tem profissão
Escolhe a vida que quer
Sem preconceito que diga
Se meretriz, ou qualquer!
Conquistou a felicidade
O orgulho de ser mulher.
*
Vale esclarecer, nos últimos anos, a presença assídua das mulheres nas publicações de folhetos. Podemos afirmar que, hoje, a mulher trouxe para a literatura seu olhar intuitivo e suas preocupações com as temáticas e os problemas sociais que ainda enfrenta, perante uma sociedade que engatinha na legislatura em favor dos direitos da mulher em todas as vertentes do conhecimento humano.
Pode ser uma imagem de 1 pessoa, árvore e ao ar livre
Todas as reações:
Angelita Fernandes

terça-feira, 26 de julho de 2022

4º ENCONTRO DE POETAS POPULARES - de 28 a 31 de julho de 2022

4º ENCONTRO DE POETAS POPULARES + TENDÊNCIAS

Autoras: Rosário Pinto e Dalinha Catunda

Venha para o nosso Encontro
De Poetas Populares
Em sua quarta edição
Traz poesia e cantares
Do Cordel e do Repente
E de Tendência atraente
De alegria pelos ares.
RP
É em vinte e oito de julho
Que começa a animação
Na Arena Fernando Torres
Tem Cordel, tem tradição,
Tem canto, tem brincadeira,
No espaço de Madureira,
E Oficinas em ação.
DC
Chame todos os amigos!
Os que admiram o cordel.
Vamos nos fortalecer.
Fazer tal qual menestrel,
Para aqui valorizar,
A cultura popular,
Viajar neste corcel
RP
Até trinta e um de julho,
Você pode apreciar,
O Canto de Repentista
E quem veio pra falar,
Sobre Arte, sobre Cultura.
E o Cordel literatura,
Vai ter palco pra brilhar.
DC
Cordel é Cultura viva!
Patrimônio Cultural.
Temos que salvaguardar.
É literatura Oral.
Poeta é Detentor,
Registro tem seu valor.
É Bem Imaterial
RP
Este é o 4º Encontro.
Você não pode faltar,
De Poetas Populares
Que veio para ficar.
Na verdade, um Festival!
E vai ser sensacional,
Você pode acreditar!
DC

­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­Os versos desta programação do 4º Encontro de poetas populares + Tendências são compostos em setilhas (sete pés ou linhas, com sete sílabas métricas, no esquema de rimas do 2º com o 4º e o 7º; e, o 5º e 6º entre si).


E no dia 30 de julho estaremos Miguel Bezerra, Dalinha Catunda e Rosário Pinto,  num Bate Papo, que você não pode perder.

Esperamos todos lá, Arena Fernando Torres, Parque de Madureira, Rio de Janeiro, RJ



sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

 


No país do esculacho!

 E no país em que tudo é relativo, a vida segue por um fio...

1

Caros amigos, leitores!

Olhem só que confusão,

Em que suruba danada

Foram meter o povão.

Parece coisa do demo

                                         Tamanha complicação.           

2

Os governos revoltam

Com sua democracia,

Que na miséria do povo,

É pura demagogia.

Parecendo até cinismo,

Falar em cidadania.

3

Dizem sempre: Eu não sabia!

E eu não fui um presepeiro.

Mas, se tem farinha pouca,

Quero meu pirão primeiro!

O povo vai se ajeitando,

Talvez saia do atoleiro.

4

E as tais privatizações,

E com o Estado falido,

E vendendo o patrimônio.

O povo vive aturdido.

Sem saber pra onde correr,

Vivendo sempre oprimido.

5

Vamos voltar para o tempo

Com a luz de lampião.

E que afeta nossa vista,

Estraga nosso pulmão.

Tudo como consequência.

Da tal privatização.

6

E no ponto em que chegamos,

Não existe “data vênia!”,

Pois, salvo melhor juízo,

Na cozinha eu uso lenha.

Cada qual faz o que pode,

Da forma que lhe convenha.

7

Para cumprir a medida,

Inventaram uma meta.

No consumo lá de casa,

Parece coisa incorreta.

E bisbilhotando a vida,

De quem anda em linha reta.

8

Até o nosso São Pedro

Recebeu sua incumbência:

Providenciar que chova,

Pela divina clemência!

Assim ficou de plantão,

Sem perder a paciência.

9

Ah! Que saudades que tenho

Dos tempos que já se vão.

Toda chuva que caía,

Anunciava o trovão.

Nosso querido São Pedro,

Nem pensava em apagão.

10

Há governantes que olham

Pra saúde do povão.

Mas aqui é diferente

Pois o nosso cidadão

Só é bem visto e lembrado,

Quando chega uma eleição.

11

E sofrendo as ameaças,

Com a saúde abalada.

As famílias constrangidas,

E com a vida isolada,

Aguardam pela vacina,

Para sair desta enrascada.

.

12

Não se pode ouvir o rádio,

Na corrente é ligado.

Televisão, nem pensar,

O lazer foi controlado.

A gente tem que ficar

No escuro e abafado.

13

E não consigo entender

A tal globalização.

O mundo todo alinhado.

O Brasil na contramão.

Se isto é globalizar...

Fora, a globalização!

14

E veja, as nossas riquezas

São pelo mundo, empenhadas.

Nossas maiores empresas,

Já foram arrematadas,

Em leilões constrangedores,

No país, espoliadas.

15

Sem ter a quem reclamar,

Paga conta exorbitante.

Liga para a Ouvidoria,

Com ouvidos de mercante.

Cansado, o povo desiste,

Do sonho de reclamante.

16

O distante dirigente,

Quando chega a eleição,

Beija o povo ardentemente.

Chega perto da nação.

Foge dela quando vem

O final da votação.

17

O Brasil é sempre jovem,

Como país do futuro.

Vamos chegar à velhice,

Em regime muito duro.

Nossas crianças vivendo

Neste universo obscuro.

18

Até mesmo o futebol,

Já está prejudicado

Com os estádios vazios.

Está tudo controlado.

Para se ganhar a Copa,

O sonho ficou adiado.

19

Do jeito que a vida anda,

Com as coisas escrachadas,

Nossa seleção não ganha,

Nem dos times de peladas.

Só falta agora perder,

As Copas já conquistadas.

20

Nosso país hoje vive

A grande guerra civil.

A violência parece

Ser de pólvora um barril.

A continuar assim,

Morrerão de mil em mil.

21

Os jornais televisivos,

Só trazem a violência.

E não é simples opção.

É somente a consequência,

Do descaso com o povo

E da falta de decência.

22

O povo passando fome,

Sua a barriga vazia.

E já perdeu as esperanças

E também a fantasia.

Pagando pelos enganos,

Com erros em demasia.

23

Mesmo assim, ainda acredito,

Num pais mais limpo e justo.

Sem fome, sem corrupção.

Vivendo longe do susto.

Numa vida igualitária.

Que desconheça o injusto.

24

Sem censuras às leituras

E numa discussão igual.

E governos que assumam:

Educação é vital.

Varrer toda a ignorância.

Isto é fundamental!

25

Pelo que a história nos diz,

Pelo tanto que vivemos,

Não queremos repetir,

Tantos erros que tivemos.

Dias de medo e de dor.

Vivendo sempre em extremos.

26

Quem tem o dom de poeta,

Rimando sente alegria.

O cordel é uma luz,

Que a todos “alumia”.

E não existe apagão

Que apague a poesia.

27

Meu nome? Rosário Pinto.

Fiz questão de ressaltar

As amarguras do povo,

Em momento singular.

Deus! ilumine o poder

Nestes tempos de amargar.

Maria Rosário Pinto

rosariuspinto@gmail.com

FIM

2021