Sorriso largo...

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

LAURINDA SANTOS LOBO,
a mecenas de Santa Teresa
Cuiabá/MT, 1878 – RJ de Janeiro/RJ, 1946
                                                           1
Laurinda, grande mecenas!
Quem é esta brasileira?
Movimentou a cidade
Na colina ou na ribeira.
Ecoou por todo o estado
Fez Sarau movimentado
Tinha postura brejeira.
2
Nasceu lá em Cuiabá
Veio pro Rio de Janeiro,
Acompanhada da mãe.
Tinha espírito altaneiro.
De caráter dominante,
Tudo era interessante,
Tinha o olhar muito certeiro.
3
Tio Joaquim Murtinho
Médico proeminente
Homem de muita influência,
Que a recebeu sorridente.
Apresentou-lhe a cidade
Também à sociedade
Seu prestígio era evidente.
4
Aqui no Rio de Janeiro
Ela ficou conhecida
Como a Diva dos Salões.
Empunhou luta aguerrida,
Pelas causas feministas,
Ao lado das sufragistas,
Nunca se deu por vencida.
5
E lá em Santa Teresa,
Sedimentou moradia,
Em um belo palacete.
Sua casa sempre abria
Ao poeta e ao artista.
Era uma grande ativista.
Lá, tudo se debatia.
6
Protagonizou sua época
Como mulher elegante,
Despertou muito ciúme,
Confundida com bacante.
Organizou muitas festas
Regadas com as serestas
Cada noite deslumbrante.
7
Laurinda abrigou a todos
Fosse nobre ou plebeu
Lá não havia um espaço
Que chamamos gineceu
A mulher tinha vez e voz
Desconhecia o algoz
A igualdade promoveu.
8
Laurinda emprestou seu nome
Para o Centro Cultural
O Laurinda Santos Lobo
Santa Teresa, o local
Um cenário de beleza,
Junto a tanta natureza
Monte Alegre é o ramal.
9
Há quem pergunte e indague:
-- Neste Centro ela viveu?
Não sua morada foi outra
 -- Isto nunca aconteceu.
 Foi no Parque das Ruínas
De instalações genuínas
Onde tudo sucedeu.
10
Ao Maestro Villa-Lobos,
Laurinda patrocinou.
Uma viagem a Paris,
Lá ele se apresentou,
Numa audição de sucesso
Conquistou lá o progresso,
E na Europa ele brilhou.
11
Em conversa com Tarsila,
Olhando um quadro indagou:
 -- Dona Tarsila, me diga:
O que foi que motivou,
Este pauzinho e uma cobra,
Subindo, fazendo dobra,
Será que o ovo, já chocou?
12
E diante da artista,
Com toda desenvoltura,
Àquele nada dizia,
Partiu para outra moldura.
Tarsila muito abismada:
 -- Não significa nada!
É somente uma costura.
13
 -- Costuro minhas ideias
Em tela, tinta e pincel,
Num olhar renovador,
Exercendo o meu papel,
De uma artista visual,
Componho grande vitral
Expondo belo painel.
14
Laurinda apoiou as letras.
Dentre seus frequentadores,
Estava João do Rio
E outros tantos escritores,
Que ali faziam paragem,
Compondo justa engrenagem
Em Saraus acolhedores.
15
Lutou pela afirmação
Da cultural nacional
Congregou todas as artes
De riqueza sem igual
Momentos de efervescência
Salão de grande influência
Na capital federal.
16
O Salão Dona Laurinda,
Foi ponto do MODERNISMO
 Que na década de 20,
Rompendo o academicismo.
Um caldeirão de cultura
Gente de toda estatura
Momento de antagonismo.
17
Foi um grande baluarte
Naquele momento incerto.
O Salão causou escândalos
Na sociedade, e decerto,
Apontado de vulgar
Mas nada pode abalar
O Modernismo desperto.
18
A sociedade passava
Por grande transformação.
Reuniu também políticos,
Na defesa da Nação,
De culturas estrangeiras
E das pautas forasteiras
Nacional era o refrão.
19
E Júlia Lopes de Almeida
Dos Saraus participou
Em noitadas literárias
Sua marca ali deixou.
Foi também uma ativista
Lutando pela conquista
Pelo voto se empenhou!
20
Hoje o belo palacete,
É um Centro Cultural
Recebe todas as artes
De caráter universal.
Preservando a qualidade
Sem qualquer ambiguidade
De cultura transversal.
21
Este Centro Cultural
Concentra suas memórias,
Do bairro Santa Teresa,
Passado de muitas glórias.
Recebe novos artistas,
Mostrando suas conquistas
Palco de muitas vitórias.
22
Recebendo Exposições!
Dança! Teatro! Poesia!
Cultura sempre plural,
Crescendo dia após dia.
Brindando os seus moradores
Festas de muitas cores.
Espalha só alegria.
23
Laurinda marcou seu nome
No cenário carioca
Lutando pelas mulheres
Um movimento provoca
Pelo voto feminino
E com seu instinto felino
Esta temática evoca.
24
Fica aqui este meu registro
De uma história singular
De uma mulher que lutou
Para a cultura brilhar
E lá em Santa Teresa
Deixou sua chama acesa
Marcando ali seu lugar.
Março/2019

Um comentário:

  1. Olá, amiga Rosário!

    Excelente e carinhosa homenagem, em forma de versos bem agradáveis e justos, a Laurinda Santos Lobo, a mecenas de Santa Teresa.

    Precisamos muito de mulheres dessa fibra, pois os direitos femininos estão ainda sendo ameaçados.

    Abraços e bom final de semana.

    ResponderExcluir

Deixe aqui seus comentários e visite também:
http://cordeldesaia.blogspot.com