Devemos
sempre lembrar os fatos que envergonharam nossa história e dizê-los,
claramente. Conquistamos a liberdade de livre pensar, escrever e do
falar, mas ainda nos falta incutir vergonha em algumas de nossas
caras públicas. É um engodo falar de abastança, quando sabemos
que a fome, a miséria, a saúde precária, a educação deficiente
rondam
nossas vidas e de nossos semelhantes.
Pesquisando
na internet encontrei uma das minhas grandes paixões literárias –
Morte e vida
Severina, de
João Cabral de Melo Neto. E não poderia deixar de citar o trecho
abaixo, apenas mais um dos tantos, fortes e belos desse grande autor
brasileiro.
“E não
há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como a pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de a pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.”
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como a pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de a pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.”
E numa
conversa de Severino, retirante com morador dos mocambos, ele
pergunta:
“Seu
José, mestre carpina,
que diferença faria
se em vez de continuar
tomasse a melhor saída:
a de saltar, numa noite,
fora da ponte e da vida?”
que diferença faria
se em vez de continuar
tomasse a melhor saída:
a de saltar, numa noite,
fora da ponte e da vida?”
*
O meu nome é
cordel
Não tenho outro
de pia
Muitos fazem os
seus versos
E com muita poesia
Mas, nem tudo é
cordel,
Como os de um
menestrel.
Isto não é
ironia.
*
Amiga, comigo
venha.
Deixe aqui seu
comentário
Se pensarmos
direitinho
Do Tribunal, o
cenário.
O relator
acusando,
Advogados,
replicando,
Defesas de
ordinário.
*
Talvez devesse
lembrar
Dos versos de João
Cabral.
Ele relatou a saga
Do retirante, o
umbral
Mantendo-se em
linha reta
Buscando a vida
correta
Apesar do
pedregal.
*
Desceu o
Capibaribe
Por trabalho
encontrar
Passou sede, passou fome
Fugiu daquele lugar
Passou sede, passou fome
Fugiu daquele lugar
Nunca pensou em
quadrillha
Naquela vida
andarilha
Para ao povo
roubar
*
Passando por
várias aldeias
Tinha um fito bem
seguro
De trabalho
encontrar.
Em meio a tanto
monturo
Manteve o objetivo
E o olhar sempre
altivo
Sempre preso no
futuro.
(Rosário Pinto)
Leia, o texto n a
íntegra extraído de:
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