Sorriso largo...

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

MORTE E VIDA SEVERINA - tema atual


Devemos sempre lembrar os fatos que envergonharam nossa história e dizê-los, claramente. Conquistamos a liberdade de livre pensar, escrever e do falar, mas ainda nos falta incutir vergonha em algumas de nossas caras públicas. É um engodo falar de abastança, quando sabemos que a fome, a miséria, a saúde precária, a educação deficiente rondam nossas vidas e de nossos semelhantes.
Pesquisando na internet encontrei uma das minhas grandes paixões literárias – Morte e vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. E não poderia deixar de citar o trecho abaixo, apenas mais um dos tantos, fortes e belos desse grande autor brasileiro.
E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como a pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de a pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.”
E numa conversa de Severino, retirante com morador dos mocambos, ele pergunta:
Seu José, mestre carpina,
que diferença faria
se em vez de continuar
tomasse a melhor saída:
a de saltar, numa noite,
fora da ponte e da vida?”
*
O meu nome é cordel
Não tenho outro de pia
Muitos fazem os seus versos
E com muita poesia
Mas, nem tudo é cordel,
Como os de um menestrel.
Isto não é ironia.
*
Amiga, comigo venha.
Deixe aqui seu comentário
Se pensarmos direitinho
Do Tribunal, o cenário.
O relator acusando,
Advogados, replicando,
Defesas de ordinário.
*
Talvez devesse lembrar
Dos versos de João Cabral.
Ele relatou a saga
Do retirante, o umbral
Mantendo-se em linha reta
Buscando a vida correta
Apesar do pedregal.
*
Desceu o Capibaribe
Por trabalho encontrar
Passou sede, passou fome
Fugiu daquele lugar
Nunca pensou em quadrillha
Naquela vida andarilha
Para ao povo roubar
*
Passando por várias aldeias
Tinha um fito bem seguro
De trabalho encontrar.
Em meio a tanto monturo
Manteve o objetivo
E o olhar sempre altivo
Sempre preso no futuro.
(Rosário Pinto)
Leia, o texto n a íntegra extraído de:

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